sexta-feira, 18 de junho de 2010

Mania feia

      Mania esquisita. Todos os dias, Laura roia as unhas. Começava pelo dedão. Aonde estivesse, a cena era a mesma. A boca com seus dentes nada brancos, ia direto àquelas unhas encardidas.
     Laura era uma adolescente. Diferente das outras colegas da sua idade, não se importava com detalhes, nem roupas, calçados, bolsas, figurinhas e ídolos. Nada interessava. As unhas lhe agradavam.
     Não tinha hora nem lugar. Bastava olhar para as unhas e a vontade começava. Roia daqui, dali, pelo canto, à direita, à esquerda. Puxa! Quem olhava ficava perdido.
     Uma vez, roeu todas as unhas que não teve como escapar do médico. Sua mãe cansou de ver aquele hábito. Levou a um especialista. Quando chegou lá, foi uma tragédia. O médico passou pimenta nas unhas da menina e deixou-a esperando em uma sala durante cinco horas. A coitada não aguentou e acabou roendo as unhas. Que desespero! A sua boca ardeu tanto que foi cada grito. O pessoal do consultório se desesperou com a cena.
     Laura arrebentou as portas e saiu gritando pelas ruas. A mãe não sabia onde esconder tanta vergonha.
     Chegando em casa, a mãe de Laura disse:
     _ Se você quiser roer as unhas, que roa. Não vou mais me preocupar.
     A menina não se importou com as críticas que a família começou a fazer e a melhor coisa que tinha a fazer era roer as unhas.

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