quinta-feira, 17 de junho de 2010

No silêncio do parque

       Em um parque de diversões, várias crianças brincam. Elas pulam, dão gargalhas, balançam, jogam areia nos colegas, estragam brinquedos, dão birras e ataques histéricos. Uma criança permanece ali sentada.
      Olha tudo em sua volta permanecendo no mesmo lugar. Os olhos negros, sem brilho e quase bloqueados pelo orgulho de não querer chorar. Várias vezes a mão é passada pelos seus cabelos negros e lisos, sujos de suor e poeira. As unhas não cortadas escondiam a sujeira das brincadeiras passadas. As roupas velhas mostram o descaso de governantes com a classe social baixa. Podia perceber em uma das mãos um brinquedo velho.
     Várias vezes o menino olha aquelas crianças. O abraço da mãe com o filho, as brincadeiras dos familiares e o aconchego materno. Percebe-se uma angústia no olhar daquele pobre menino.
    Permanece ali horas e horas. Umas crianças vão embora de mãos dadas com os pais, outras chegam e o ciclo continua.
     O sol vai embora. A noite chega. O frio chega de mansinho. Um arrepio. A lágrima termina de descer pelo seu rosto sujo e corado pelo sol. Esquecido no tempo, o garoto dorme naquele duro cimento do parque. Uma mão toca-lhe vagarosamente. Um beijo é estalado em seu rosto. O menino acorda. A felicidade deixa um brilho no olhar do menino. Uma voz surge naquela boca quase emudecida pelo frio e o silêncio:
     _ Mamãe!

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